Encontra-se Jambolão em Itaju na via de acesso do trevo até a cidade em torno de 60 árvores.
O Jambolão é conhecido por uma grande
variedade de nomes: jalão, kambol, jambú, azeitona-do-nordeste, ameixa
roxa, murta, baga de freira, guapê, jambuí, azeitona-da-terra entre
outros. Entretanto, seu nome científico é Syzygium cumini, uma planta
pertencente à família Mirtaceae. Em relação ao seu fruto, eles são do
tipo baga (extremamente parecidos com as azeitonas). Sua coloração,
inicialmente branca, torna-se vermelha e posteriormente preta, quando
maduras.
Sua semente fica envolvida por uma polpa
carnosa e comestível, doce, mas adstringente, sendo agradável ao
paladar. No Brasil, o fruto é geralmente consumido in natura, porém esta
fruta pode ser processada na forma de compotas, licores, vinhos,
vinagre, geléias, tortas, doces, entre outras.
As propriedades medicinais do Jambolão
não são atribuídas apenas ao seu fruto. Existem relatos de inúmeras
propriedades atribuídas também ao seu caule e as suas folhas. Dentre
estas propriedades, destacam-se ações antiinflamatórias e carcinogênicas
(caule) e antibacteriana, antiviral, antifúngica e antialérgica
(folhas).
Logicamente, estas propriedades são
extremamente controversas. Quanto aos efeitos sobre os níveis de
glicose, encontramos relatos de que tanto o caule, o fruto e as folhas
teriam ações sobre o metabolismo da glicose. Mais interessante ainda,
parecem que alguns relatos destas ações têm mais de 100 anos, antes
mesmo da descoberta da insulina. Mas o que realmente temos de evidência
científica?
É interessante observar que vários
artigos científicos sobre o Jambolão foram escritos e publicados por
grupos brasileiros. Um dos principais grupos é o de Claudio Coimbra
Teixeira, do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e seus artigos foram publicados em algumas importantes
revistas científicas (ver Referências Bibliográficas).
Existe uma série de estudos, com
resultados bem controversos, em modelos experimentais (ratos e
camundongos) sobre os efeitos do Jambolão. Vou comentar alguns deles
aqui. Além do grupo de Porto Alegre, um dos estudos foi publicado por um
grupo da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais.
Neste estudo, os autores demonstraram que, após 7 dias de tratamento de
ratos com um extrato da Syzygium cuminy, houve uma redução nos níveis
de glicose dos animais.
Os autores especulam que este efeito não
seria por um efeito direto sobre a glicose, mas um efeito sobre a
diminuição no peso e na ingestão alimentar dos ratos. Outro estudo,
publicado por um grupo de pesquisadores da Índia, também demonstrou um
redução dos níveis da glicose de camundongos com algumas frações do
Syzygium cuminy, mas também considerou este achado um efeito indireto da
quantidade de fibras presente no preparado utilizado.
Mais recentemente, um estudo publicado
por um grupo de pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade de Santa Maria demonstrou que o extrato do Jambolão foi
capaz de reduzir a glicemia em um modelo animal e inclusive sugeriu um
mecanismo para isso. Estes são apenas alguns dos estudos que realmente
demonstram os efeitos benéficos do Jambolão sobre a glicose. Vale
ressaltar, entretanto, que são sempre modelos animais.
Existem apenas alguns estudos em humanos.
O primeiro estudo, publicado em 2000, avaliou os efeitos do Chá de
Folhas do Jambolão em indivíduos sadios e não conseguiu demonstrar
qualquer efeito sobre níveis de glicose. Em um segundo estudo, os
autores compararam três tipos diferentes de tratamento em paciente com
diabetes tipo 2: placebo, glibenclamida (um conhecido medicamento para o
tratamento do Diabetes) e o chá de folhas de Syzygium cumini.
Após 28 dias de tratamento, os autores
demonstraram que, enquanto que a glibenclamida promoveu uma redução
significativa sobre os níveis de glicose, o Chá de folhas de Jambolão se
comportou exatamente como o placebo; isto é, sem qualquer efeito
clínico significativo sobre os níveis de glicose.
Finalmente, um terceiro estudo, agora com
27 pacientes, também não demonstrou qualquer efeito do Jambolão sobre a
glicose de pacientes diabéticos. Estes achados demonstram que, embora
tenhamos uma série de efeitos benéficos demonstrados em modelos animais,
os resultados em humanos não parecem tão promissores.
Se os efeitos do Jambolão sobre a glicose
são controversos, os mecanismos envolvidos são mais ainda. Citei
algumas das teorias nos parágrafos acima, mas, quando revemos a
literatura, diversos mecanismos são propostos por diferentes autores,
sem nenhum consenso específico. Os possíveis mecanismos de ação já foram
propostos: inibição da alimentação e perda de peso, inibição da
absorção de glicose, inibição de uma enzima responsável pelo metabolismo
da glicose, inibição da enzima amilase, etc...
Em resumo, os efeitos do Jambolão no
tratamento do Diabetes ainda não foram completamente elucidados. Embora
existam relatos (alguns deles bem antigos) da eficácia desta planta (do
caule ao fruto), além de diversos resultados animadores em estudos com
modelos animais, os resultados em humanos são desapontadores.
Além disso, os mecanismos de ação
permanecem indeterminados. Como outros produtos “Na boca do Povo”, o
Jambolão não deve ser utilizado de maneira isolada no tratamento do
Diabetes. É importante ressaltar que os estudos em animais não permitem
que os efeitos colaterais da medicação sejam estudados (embora os
estudos em humanos sugiram que existam alguns efeitos gastrointestinais)
e que estes efeitos precisam ser bem determinados em humanos para que
sejam pesados os riscos e os benefícios da medicação.
Vamos esperar que nos próximos anos sejam
publicados novos estudos, principalmente por todos os pesquisadores
brasileiros que lidam com esta linha de pesquisa, para que o efeito do
Jambolão sobre a glicose possa ser completamente elucidado.
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